Com várias atividades voltadas à economia criativa e turismo, entre outros, a edição 2025 do Mobiliza SLZ promove reflexões sobre a atuação do empreendedor nesse rico e diversificado campo que tem a criatividade como premissa. Em palestra provocadora e envolvente, a especialista em turismo e economia criativa Karina Zapata abordou o tema “Fortalecendo a Economia Criativa para melhores experiências turísticas” no Centro de Atendimento ao Turista (CAT) no Quilombo Urbano da Liberdade, na terça, (09).
O evento, voltado para criativos e o trade turístico de São Luís, lançou luzes sobre conceitos e práticas usuais nessa área, promovendo a capacitação e sensibilização para cerca de 30 empreendedores. Presentes, artesãos, crocheteiras, costureiras e designers, além de agentes de turismo que foram despertados para a importância de integrar a criatividade na oferta dos serviços turísticos.
Durante sua apresentação, Karina Zapata, cofundadora e presidente da Rede Nacional de Experiências e Turismo Criativo (Recria), distinguiu o turismo de experiência do turismo criativo. Enquanto o primeiro foca no contato do visitante com o local, a cultura e atrativos, o turismo criativo vai além, incentivando a cocriação. “É quando o visitante se torna personagem da própria viagem”, explicou ela. Essa lógica, segundo ela, é motivada pelo desejo “de aprender algo, de vivenciar um encontro real entre o anfitrião — alguém da comunidade — e o visitante”.
Para ela, o turismo criativo tem como características essenciais a identidade do território e o sentimento de pertencimento de quem o habita. Essa abordagem, que ressignifica os ativos locais, é uma forma de combater desigualdades e fortalecer a economia de base comunitária. “É preciso olhar para as potencialidades do território, e não apenas para suas carências”, reforçou ela.
A especialista também ressaltou a importância da atuação em rede para o desenvolvimento do turismo criativo, destacando que “é preciso juntar os pontos verdes, organizar, qualificar e colocar em redes para transformar ilhas em arquipélagos. “Trata-se de agregar valor em todos os campos de atuação, setor, atividade, manifestação, etc. E isso inclui aspectos como interação, transformação, identidade, diversidade, inclusão, sustentabilidade e inovação”, explicou.
Empreendedoras como Virgínia Diniz, do ateliê de acessórios Coisas da Vida, do bairro da Liberdade, explicam a importância da palestra. “A economia criativa é algo muito novo para algumas pessoas. E, sabendo disso, o Sebrae se preocupa em nos capacitar, trazendo uma pessoa que já está bem à frente nesse campo. E isso é muito enriquecedor. Já Virgínia Barros, da Taguatur Turismo, defendeu a realização de mais momentos com esse. “É importante que o trade turístico e o mercado se capacitem para atuar nesse campo tão rico e diversificado”, disse ela.
E iniciantes, como Jaciara Rodrigues, que atua no setor de serviços gerais em um consultório de oftalmologia, se surpreendeu com a beleza e possibilidades da economia criativa. “Sonho em empreender com artesanato. Ao ouvir as palavras dessa consultora, meu coração despertou para o tanto que podemos avançar, juntos, aprendendo e trocando. Que maravilhosa esta ideia do Sebrae de trazer para nós algo assim”, completou ela, dizendo-se com o “coração esperançoso e feliz”. “Eu agora sei que podemos mais, muito mais”, acrescentou ela.
Oficina de Turismo Criativo fortalece experiências locais
Na quarta-feira (10), Karina Zapata conduziu a Oficina de Construção de Experiências de Turismo Criativo de Base Local, voltada para empresários do trade turístico e empreendedores da economia criativa. A atividade convidou os participantes a refletir e colocar em prática ideias de experiências turísticas alinhadas à identidade cultural de São Luís.
Com foco na cocriação, a oficina apresentou casos de sucesso de outros territórios como inspiração, sempre adaptados à realidade local. Para Karina, “o Mobiliza São Luís sacode o território, integra, conecta e revela a melhor versão das pessoas, das culturas e dos lugares. O turismo criativo não é apenas um segmento; é uma tecnologia social, uma plataforma de transformação.”
A especialista destacou que experiências de base local se alimentam da identidade e da diversidade cultural de cada território. “Construir uma vivência turística é também um exercício de cidadania, resiliência e capacidade empreendedora, em que os agentes locais assumem protagonismo na forma como desejam mostrar sua cidade ao mundo”, completou.
Participantes da oficina relataram aprendizados significativos. Ana Vitória Duarte, do município de Raposa, comentou: “Foi um processo de descoberta e desconstrução. Pudemos refletir sobre como ir além de uma visão tradicional de turismo para construir experiências criativas que envolvem o anfitrião e a comunidade local”, ressaltou. Caroline Frazão, guia de turismo, destacou que a oficina trouxe uma nova perspectiva para seu trabalho: “Saio com uma visão renovada sobre como desenvolver atividades de forma criativa, aplicando os conhecimentos adquiridos” avaliou.
Para a gestora de Turismo do Sebrae em São Luís, Flor Castro, a oficina foi fundamental para estimular o empreendedorismo criativo e abrir novas perspectivas de negócios locais. “Capacitações como essa conectam identidade cultural, inovação e desenvolvimento econômico, mostrando que é possível transformar a riqueza cultural de São Luís em experiências autênticas, fortalecendo os negócios locais e valorizando nossa história e território”, finalizou.