Projeto resgata, valoriza e integra o patrimônio histórico de São Luís como cenário para a arte digital
SÃO LUÍS – A Praça Deodoro, mais especificamente a fachada da quase bicentenária Biblioteca Pública Benedito Leite — considerada por muitos historiadores como a segunda mais antiga do país — será palco, nesta sexta, 13 de junho, a partir das 18h, de uma noite de luz, cultura, rima, arte digital e tradição. O espaço será transformado em um verdadeiro espetáculo com o “FESTIVAL BUMBA MEU MAPPING”.
Idealizado e produzido pela Acústica Produções Criativas, empresa genuinamente maranhense, o festival é uma realização do Ministério da Cultura, por meio da Lei Paulo Gustavo e do Governo Federal, com apoio da Secretaria de Cultura do Governo do Maranhão. O projeto valoriza a rica tradição cultural do Bumba Meu Boi — uma das manifestações mais emblemáticas do estado — por meio da tecnologia de projeção conhecida como video mapping.
Utilizando projeções artísticas em fachadas de edifícios históricos de São Luís, o projeto busca recontar a história, a arte e a magia dessa manifestação cultural com o uso de recursos tecnológicos modernos.
Mas você sabe o que é projeção mapeada? A projeção mapeada, ou video mapping, é uma técnica que transforma superfícies irregulares em telas dinâmicas para vídeos e imagens estáticas. Pode ser aplicada a qualquer estrutura, criando ilusões óticas e alterando a percepção do espaço físico. Por meio de softwares especializados, a imagem é adaptada com precisão à superfície escolhida, utilizando um projetor de alta potência.
“Video mapping nada mais é do que luz convertendo edifícios em arte. É quase impossível não se deslumbrar diante do espetáculo de luzes, sons e movimentos que essa técnica proporciona. Para muitos, ela representa uma nova e impactante forma de fazer arte, situada entre a tecnologia e a fantasia”. Estamos felizes em poder realizar esse festival com um tema tão rico e significativo como as festas juninas e o Bumba Meu Boi”, enfatiza Rogério Pereira, da Acústica, idealizador do Festival.
A proposta do Festival é fundir as técnicas tradicionais da dança e música do Bumba Meu Boi, Tambor de Crioula, Cacuriá e demais expressões icônicas do Maranhão às possibilidades da arte digital, criando uma experiência imersiva que conectará o público — de todas as idades — com a história cultural de maneira sensorial e emocional.
O Festival contará com uma mostra competitiva entre artistas digitais do Maranhão e do mundo, cujas obras serão avaliadas por grandes nomes, como VJ Spetto, curador do evento, além de outros convidados que comporão o júri e apresentarão obras em video mapping.
As projeções irão integrar elementos visuais e culturais, como a figura do boi, dançarinos (caboclos, índios, cazumbás) e os ritmos característicos da manifestação, em um espetáculo que utilizará luz, cor e som para dar nova dimensão à tradição. O objetivo é valorizar a cultura popular maranhense por meio da arte digital e da tecnologia.
“Teremos mais de 20 trabalhos na Mostra Competitiva. E mais de 10 artistas convidados pela organização que vão fazer parte da programação visual apresentada em Video mapping. O Bumba Meu Mapping coloca o Maranhão no roteiro dos grandes festivais de video mapping do país. A possibilidade de promover esse festival no Maranhão, vem confirmar o potencial da cidade para abrigar esse tipo de evento. Isso é muito interessante, pois se cria novos polos para o video mapping e para essa performance urbana que é tão encantadora. “Acho que o público terá uma grande surpresa, vendo os nomes dos VJs que mandaram trabalhos posso dizer que teremos boas surpresas”, destacou o VJ Spetto, que além da curadoria faz parte do time de jurados do festival, juntamente com os VJ’s Carol Santana e Vini Fabretti.
VJ Spetto é um dos pioneiros do video mapping no Brasil, premiado e internacionalmente reconhecido, é referência global na arte de transformar fachadas em poesia visual. Do Rio de Janeiro ao Turcomenistão, de Budapeste a Buenos Aires, ele já assinou cerimônias olímpicas, shows de ópera, festivais de luz, instalações interativas e muito mais, sempre com um olhar vanguardista que mistura tecnologia, arte e emoção.
Ele já foi considerado o Melhor VJ do mundo (VJ Torna Internacional – Budapeste), responsável pelo video mapping da Abertura das Olimpíadas Rio 2016, co-criador do software Blendy Dome VJ, usado em planetários de mais de 40 países e fundador do coletivo United VJs, referência mundial em projeção mapeada.
Além da competição visual, o Bumba Meu Mapping também contará com apresentações do Boi de Maracanã, Boi de Santa Fé, Batalha de MCs, estrutura de praça de alimentação e muita arte, luz, diversão e cultura para maranhenses e turistas. Dois paredões de uma radiola de reggae também serão utilizados para amplificar ainda mais as produções audiovisuais.
OFICINAS – O Festival também oferecerá oficinas e atividades formativas, com o objetivo de orientar e capacitar os participantes nas técnicas de videomapping e produção audiovisual. Nesta quarta e quinta, 11 e 12 de junho, será realizado o Workshop de Videomapping, das 9h às 17h, nas instalações da Biblioteca Pública Benedito Leite.
“Queremos oferecer aos maranhenses a oportunidade de adquirirem habilidades que possam ser aplicadas em outras iniciativas culturais, fortalecendo a cultura e a arte local e promovendo a inclusão da comunidade no processo artístico”, finaliza Rogério da Acústica.
SERVIÇO: FESTIVAL BUMBA MEU MAPPING 2025
Data: 13 de junho, sexta
Horário: 18h
Local: Biblioteca Pública Benedito Leite – Praça Deodoro
Entrada: Gratuita
Produção: Acústica Produções Criativas
Realização: Ministério da Cultura (Lei Paulo Gustavo)
Apoio: Secretaria de Cultura do Governo do Maranhão
Redes: @bumbameumapping | @acustica_studio
PROGRAMAÇÃO: FESTIVAL BUMBA MEU MAPPING 2025
18h – Abertura Oficial
• Saudações culturais
• Apresentação do Boi de Maracanã
19h – Mostra Competitiva – Bloco I
• Projeções em videomapping com artistas convidados de todo o Brasil
20h – Batalha na Praça
• Rima, ritmo e talento com MCs locais
20h30 – Mostra Competitiva – Bloco II
• Continuação das projeções mapeadas
21h30 – Encerramento
• Espetáculo com o tradicional Boi de Santa Fé
• Finalização das projeções visuais
Curiosidades do video mapping:
Em 1994, a Disney registra a primeira patente que explora a técnica do Video Mapping como parte de seu novo empreendimento, denominada Apparatus and method for projection upon e three-dimensional object.
Na patente podemos ver o surgimento de uma estrutura já muito semelhante ao que vemos hoje, onde a projeção é mediada pelo uso de um suporte gráfico, como um computador, podendo sofrer modificações conforme a projeção se desenvolve
· Também nos anos 1990, surge a figura dos VJs, abreviação para Video Jockey, que é um termo empregado aos artistas relacionados com performance visual em tempo real, que surgiram fortemente nesta década nas famosas festas eletrônicas, clubes e raves.
· Os VJs realizam mixagens, show de luzes e efeitos visuais usando clipes, slides, luzes, lasers, entre outros, manipulados em tempo real para criarem uma experiência única e conectada com os eventos dentro de uma festa ou batida de uma música.
· Os instrumentos usados pelos primeiros VJs eram videocassetes VHS, que tocavam vídeos analógicos através de computadores muito rudimentares que não reproduziam vídeos, mas sim screensavers (telas de descanso) que respondiam ao som da música.
· O início das instalações de vídeo no Brasil surge por volta dos anos 2000, tendo a empresa Visualfarm de Alexis Anastasiou, como pioneira nesta técnica. A primeira apresentação de Video Mapping no Brasil foi realizada na fachada do Teatro Municipal de São Paulo, em dezembro de 2008.
· A partir de uma trilha sonora escolhida pelo maestro do Teatro, foi desenvolvida uma apresentação de quatro atos com cerca de quinze minutos de duração, criando um fluxo contínuo não narrativo da interação entre imagens, música clássica e intervenções com atores. Ocorreram cinco projeções por noite, durante 15 dias.
· Nos anos seguintes a Visualfarm desenvolveu importantes projetos como o Abraço do Cristo, o Vídeo de Guerrilha, que movimentou o trabalho de videoartistas com projeções espalhadas pela cidade de São Paulo, e mais de 60 projetos que contemplam uma variedade imensa de aplicações.
· Desde então o Video Mapping vem se aprofundando cada vez mais em sua linguagem e tecnologia. Apesar de ainda recente, sua recorrência tem aumentado nos últimos 20 anos, em paralelo com o avanço dos projetores e softwares de mediação gráfica.
· O Video Mapping realiza uma total cobertura da superfície que recebe a projeção “diminuindo as barreiras entre o digital e o real”, sendo difícil distinguir se estamos percebendo uma pintura, algum movimento na parede ou apenas a projeção. Dessa forma, com a projeção mapeada recobre adequadamente o objeto em questão, podendo dar uma ou diversas novas leituras para o mesmo, permitindo assim, dar outros significados para a narrativa.