A palestra mostrou como um setor impacta no outro, além de outras oportunidades de negócios
SÃO LUÍS – Em um cenário de crescente relevância do agronegócio para a economia brasileira, a Federação das Indústrias do Estado do Maranhão (FIEMA) promoveu na EXPOEMA a palestra “Sinergia que impulsiona o Maranhão: Do agronegócio para a indústria e da indústria para o agro”. A apresentação feita pelo coordenador do Observatório da Indústria do Maranhão, Carlos Jorge Taborda, nesta terça-feira (02/09), detalhou o impacto dessa relação no Produto Interno Bruto (PIB) estadual, na geração de empregos e no comércio exterior, além de oportunidades de negócios.
A apresentação realizada no estande do Sistema FIEMA teve como objetivo principal desmistificar a percepção comum sobre a contribuição do agronegócio para a economia maranhense, revelando a complexidade e a interdependência entre os setores. A agropecuária não apenas contribui diretamente para o PIB, mas também impulsiona a atividade de diversas agroindústrias que processam a produção local.
Um dos pontos de destaque da palestra foi a análise do PIB do município de Balsas, um reconhecido polo agrícola do Maranhão. Contrariando a expectativa de muitos, o setor de comércio e serviços é o maior contribuinte para o PIB de Balsas, superando a própria agricultura. Taborda explicou que essa aparente contradição se deve ao fato de Balsas ser um polo regional para o comércio de máquinas, equipamentos e implementos agrícolas, além de oferecer uma vasta gama de serviços de apoio aos municípios vizinhos.
A partir dessa constatação, o coordenador do Observatório da Indústria do Maranhão, Carlos Jorge Taborda, lançou uma provocação estratégica: a necessidade de atrair indústrias de produção de máquinas e equipamentos agrícolas para Balsas ou para municípios próximos. A localização privilegiada de Balsas no centro da região do MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) tornaria a instalação de uma montadora de colheitadeiras ou tratores, por exemplo, uma iniciativa de grande potencial.
“Essa indústria não só atenderia à demanda do Maranhão, mas também dos demais estados do MATOPIBA e do vizinho Pará, fortalecendo a cadeia produtiva e gerando novas oportunidades de desenvolvimento econômico para a região. É importante um esforço conjunto entre a prefeitura, o governo estadual e a Federação das Indústrias para concretizar essa visão e impulsionar ainda mais a sinergia entre o agronegócio e a indústria no Maranhão”, frisou.
PESO DO AGRONEGÓCIO – Em 2021, o Valor Adicionado Bruto (VAB) da Agropecuária do Maranhão representou 12,0% do PIB estadual, totalizando R$ 16,83 bilhões. Comparativamente, entre os estados do Nordeste, o Maranhão se posicionou como o terceiro maior em participação percentual do VAB Agropecuária no PIB, atrás apenas de Alagoas (15,2%) e Piauí (12,6%). A evolução do VAB Agropecuária no PIB do Maranhão passou de 9,0% em 2012 para 11,1% em 2024, com picos de 12,0% em 2022 e 12,1% em 2023. Os dados são do Sistema de Contas Nacionais do IBGE (2012 a 2022) e do IMESC (2023 e 2024).
Os municípios que mais contribuíram para o VAB Agropecuária do Maranhão em 2021 foram Balsas, com R$ 1,893 bilhão (13,6% do total estadual) e Tasso Fragoso, com R$ 1,863 bilhão (13,4%). Outros municípios com contribuições significativas incluem Açailândia (3,5%), São Raimundo das Mangabeiras (3,0%) e Riachão (3,0%). No total, 18 municípios maranhenses somados têm um VAB Agropecuária superior a R$ 100 milhões, somando 55,9% do VAB Agropecuária do estado.
A agropecuária maranhense é uma importante geradora de empregos formais. Em julho de 2025, as atividades econômicas ligadas ao agronegócio registraram um estoque de 32.573 empregos. A produção de lavouras temporárias lidera com 10.814 empregos (33,20%), seguida pela pecuária com 9.617 empregos (29,52%) e apoio à agricultura e pecuária com 4.488 empregos (13,78%). A produção de florestas plantadas e o apoio à produção florestal também contribuem significativamente para a geração de postos de trabalho, de acordo com dados do CAGED, MTE, julho/2025.
De acordo com dados do ComexStat, entre 2020 e 2024, os principais produtos do agronegócio exportados pelo Maranhão foram soja, celulose, milho, algodão e produtos de origem animal impróprios para alimentação humana. A soja liderou as exportações, totalizando US$ 8,11 bilhões no período, com Balsas sendo o principal município exportador e a China o maior destino (68,48% das compras). A celulose, exportada por Imperatriz, alcançou US$ 3,40 bilhões, tendo os Estados Unidos como principal comprador (34%). O milho, com exportações de US$ 1,78 bilhão, teve Balsas como maior exportador e a Espanha como principal destino (21,94%). Já o algodão, com US$ 414,99 milhões em exportações, teve Tasso Fragoso e Balsas como principais municípios exportadores e a China como maior comprador (24,47%).
AGROINDÚSTRIA MARANHENSE – No setor de agroindústria, o Maranhão possui laticínios que produzem queijo (muçarela e coalho), requeijão, manteiga, bebida láctea e doce de leite. Há também o processamento de grãos, como o realizado pela Inpasa em Balsas, com um investimento inicial de R$ 1,2 bilhão para processar 1 milhão de toneladas de cereais/ano (milho e sorgo), produzindo etanol, DDGS e OIL Premium. O estado conta ainda com agroindústrias sucroalcooleiras, de bebidas, produção de celulose, de carvão vegetal, processamento de carne bovina e de aves, além de curtimento de couro bovino.
A indústria maranhense produz para o agronegócio uma variedade de produtos essenciais, incluindo nutrição animal e bioinsumos agrícolas. O estado também é um importador de fertilizantes, com a Rússia sendo o maior fornecedor entre 2020 e 2024, seguida por China e Marrocos. Além disso, a indústria fornece máquinas e implementos agrícolas, com Balsas sendo um polo importante para a comercialização desses equipamentos.